Shape up: como a abordagem basecamp transforma equipes de produto

Uma das etapas do shape up é o chamado cool-down, que é o período de descanso ao final de um ciclo

shape-up

Shape up é uma abordagem utilizada no desenvolvimento de software que serve como alternativa a outros modelos de gerenciamento de projetos. O escopo é flexível, e a duração de ciclos é bem definida. Se você é gestor de equipe tech, acompanhe este artigo para saber o que é e como funciona essa proposta. 

Na maioria dos times técnicos, usa-se Scrum ou Kanban, onde as tarefas são divididas em ciclos curtos chamados de sprints. Tem-se um escopo bem definido e tarefas estabelecidas, checadas diariamente por meio de dailies que envolvem toda a equipe. 

Já no shape up, cada ciclo de desenvolvimento do software tem duração máxima de seis semanas. Se o projeto não “rendeu” o esperado, ele é descartado ou refinado, voltando ao início do ciclo de seis semanas. É por isso que o escopo é considerado flexível. Assim, a equipe se dedica àquilo que realmente vale à pena. Por fim, há um período reservado para o descanso. Ele pode ser usado para estudos ou pequenas correções no projeto. 

O método foi desenvolvido pela Basecamp, que é uma das plataformas mais reconhecidas na área de gerenciamento de projetos e mapeamento de atividades. Saiba mais a seguir. 

O que é shape up?

Para entender o que é shape up, é interessante saber quem é a Basecamp, a empresa que está por trás desse tipo de abordagem. Originalmente chamada de 37signals, a empresa tem sede em Chicago, nos Estados Unidos, e foi fundada em 1999. Ela já é conhecida dos DEVs porque criou o framework Ruby on Rails. Hoje é considerada uma das principais plataformas de gerenciamento de projetos. 

Basicamente, shape up é um modo de gerenciar um projeto de desenvolvimento de um software. O seu principal pilar é o uso de seis semanas para executar um projeto específico. Isso se dá em três etapas distintas: shaping, ciclos e cool-down. Vamos detalhar cada etapa adiante. 

Shaping: a palavra shape, em inglês, significa forma, modelo, condição. Enfim, essa etapa dá nome ao método. Ela é a fase inicial do processo, além de ser a principal, pois define as características do produto, suas funcionalidades e seus limites. É aqui que se avaliam os riscos e benefícios do projeto. 

Ciclos: os ciclos podem ser comparados às sprints do método Scrum, porém, são mais longos. Cada ciclo pode chegar ao total de seis semanas. Conforme os criadores do método, na Basecamp, esse tempo é suficiente para implementar algo importante sem a necessidade de criar deadlines muito rígidos. 

Cool-down: é um período de descanso ao final de um ciclo. Esse período é usado para a equipe estudar ou implementar uma nova tecnologia, corrigir algum bug ou realizar outras tarefas menores. 

Esse é o resumo do método, mas veremos mais informações até a conclusão deste conteúdo. 

Principais fundamentos do shape up

Antes de implantar essa abordagem no seu time tech, é importante ter clareza dos seus princípios. Por isso, em primeiro lugar, devemos explicar que o shape up é norteado pela aposta e não pelo compromisso. E o que isso significa? 

O método consiste em apostar no escopo do projeto e trabalhar concentrado só nele. Estima-se no máximo seis semanas para concluir o desenvolvimento, por exemplo, de uma nova funcionalidade de uma plataforma online. Entretanto, no decorrer das seis semanas, pode-se adequar o escopo às demandas do próprio projeto, ou ainda, encurtar esse período de execução. Se o projeto não corresponder à expectativa, e não ser mais considerado prioritário, ele volta à estaca zero ou é descartado. Assim, o time tech tem mais clareza das prioridades.

Isso se reflete na importância do escopo. Ele é definido no início do projeto, porém, pode ser adaptado conforme a necessidade. Nas demais metodologias de gerenciamento de projetos, o escopo é inflexível, podendo ser mudado, mas com impactos nas demais áreas do projeto, como cronograma e recursos. 

Outro importante pilar do shape up são equipes pequenas, formadas, por exemplo, por um designer e dois desenvolvedores. Não existe a figura do product manager ou outro coordenador direto, pois as tarefas são reportadas ao head da equipe técnica. Além disso, as equipes são independentes. 

O desenvolvimento é iterativo, onde o foco está no essencial de cada ciclo. Assim, aumenta-se a produtividade e encurta-se o prazo de entrega. 

Como funciona o shape up na prática

O pilar principal do método são as seis semanas de execução de um projeto. Esse tempo é suficiente para desenvolver soluções significativas sem que o projeto se torne um compromisso interminável. O Shape Up evita fragmentação do trabalho, permitindo que as equipes tenham espaço para explorar e refinar ideias sem a pressão de entregas semanais. 

Antes do início de cada ciclo, os líderes e tomadores de decisão se reúnem na chamada Betting Table (Mesa de Apostas). Em vez de criar um backlog infinito de tarefas, eles analisam propostas de projetos modelados previamente (shaped) e decidem quais receberão investimento de tempo e esforço. 

Após cada ciclo de 6 semanas, há um período de Cool Down (resfriamento), geralmente de 2 semanas, onde as equipes não iniciam novos projetos grandes. Esse tempo é usado para revisar o que foi entregue, fazer pequenos ajustes, explorar ideias futuras e planejar a próxima rodada de apostas. 

O Shape Up busca um ritmo constante e sustentável, evitando o estresse e a sobrecarga típicos de metodologias que exigem entregas frequentes e prazos apertados. Como os ciclos são fechados e os times têm autonomia para definir como executar o trabalho, há menos pressão externa e menos reuniões desnecessárias. 

Diferenças entre shape up e métodos tradicionais (Scrum e Kanban)

Você já percebeu, ao longo deste conteúdo, que o shape up é bem diferente dos métodos tradicionais, com ciclos mais longos, menos pressão e mais flexibilidade. Veja mais alguns diferenciais:

Sem backlog: diferente de metodologias tradicionais que acumulam tarefas em um backlog interminável, o shape up elimina essa prática. Em vez de manter uma lista de pendências que cresce sem controle, os projetos são selecionados e decididos a cada ciclo, garantindo que apenas ideias relevantes recebam atenção.

Maior autonomia: as equipes não recebem instruções detalhadas sobre como desenvolver uma funcionalidade. Elas recebem um problema bem modelado e têm liberdade para decidir a melhor forma de resolvê-lo dentro do ciclo de 6 semanas. Isso reduz a necessidade de microgestão, aumenta a criatividade dos desenvolvedores e permite que as soluções sejam construídas de maneira mais eficiente e realista, sem depender de aprovações constantes.

Foco no escopo: em vez de definir um escopo rígido e tentar encaixar o trabalho dentro dele, o shape up propõe o contrário: ajustar o escopo conforme o tempo disponível. Se uma funcionalidade está ficando complexa demais, a equipe pode simplificá-la para garantir a entrega dentro do prazo, mantendo apenas o essencial. Esse conceito, chamado de “hill charting”, permite visualizar o progresso de maneira clara e tomar decisões estratégicas sem comprometer a qualidade final.

Benefícios do shape up para equipes de produto

O método shape up traz mais clareza, ao fazer com que a equipe se dedique às prioridades do projeto. Desse modo, os profissionais não desperdiçam tempo e energia com funcionalidades que não têm relevância. 

Isso ocorre porque há uma maior clareza do projeto, não se tem a síndrome do “escopo infinito” que nem sempre leva a resultados de excelência. Por consequência, há soluções prioritárias que realmente fazem a diferença para o usuário final. 

Em vez de perder tempo com atividades desnecessárias, a equipe foca no que realmente importa. Com isso, aumenta-se a motivação dos funcionários, o tempo é otimizado e as entregas têm mais qualidade.

Desafios e como superá-los

Porém, não podemos menosprezar os desafios da implantação desse método nas equipes tech, principalmente aquelas que estão começando agora ou que já executavam outras abordagens, como o Scrum. 

A ausência de um backlog contínuo e de sprints curtos pode gerar insegurança no início, já que os desenvolvedores precisam lidar com mais autonomia e menos controle sobre as tarefas. Além disso, a ideia de trabalhar em “apostas” ao invés de compromissos contínuos pode ser difícil de assimilar, especialmente para times que seguem processos rígidos. Por isso, é essencial oferecer suporte durante a mudança e garantir que todos compreendam os benefícios desse novo modelo.

Um dos pilares do shape up é garantir que os problemas sejam bem definidos antes de chegarem às mãos dos desenvolvedores. No entanto, essa fase de modelagem (shaping) pode ser desafiadora, pois exige um equilíbrio entre dar clareza ao problema sem engessar a solução. Se o escopo for mal definido, a equipe pode perder tempo explorando direções incertas. Sendo assim, é fundamental que os líderes e product managers dediquem tempo suficiente à fase de modelagem para garantir que os projetos sejam viáveis e estratégicos.

Outro desafio é o engajamento de stakeholders, como clientes, gestores e outras áreas da empresa. Muitas vezes, essas partes esperam entregas contínuas ou previsibilidade rígida, algo que o shape up não segue. Para superar essa barreira, é essencial uma comunicação clara, explicando que o shape up prioriza eficiência e entregas de maior impacto.

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Dicas para implementar o shape up na sua equipe

Você chegou até aqui na leitura deste conteúdo e percebeu que essa abordagem faz muito sentido na sua equipe tech? Então, veja dicas de como implementar o shape up no seu time. 

Primeiramente, realize um treinamento inicial sobre a metodologia, antes de iniciar a transição. Apresente à equipe, de forma didática, como ele funciona, quais são as etapas e quais são os resultados esperados. 

Defina também as ferramentas e práticas ideais para acompanhar os diferentes ciclos. Uma das mais indicadas é o Basecamp. Ela permite a organização de tarefas, comunicação assíncrona e acompanhamento de progresso sem microgestão, facilitando a implementação dos ciclos de seis semanas.

Além disso, comece com um projeto piloto, com algo mais simples, antes de finalmente expandir a metodologia em todos os projetos da sua empresa.

Como o shape up se conecta com a filosofia da Coodesh

O shape up exige equipes autossuficientes e independentes. Por isso, é fundamental que a empresa contrate profissionais com habilidades específicas, que vão desde as hard skills, até as soft skills que valorizem a autonomia e a proatividade. 

E como encontrar esses profissionais com eficiência e assertividade? Neste ponto, a Coodesh pode ser uma aliada das empresas que estão adotando o shape up nas equipes de tecnologia. 

Isso porque a Coodesh é uma plataforma de assessments que possui testes e projetos técnicos online, corrigidos automaticamente e com uso de Inteligência Artificial. 

Os testes podem ser aplicados em dois momentos: no recrutamento de profissionais de tecnologia e na avaliação de habilidades dos programas de desenvolvimento de talentos. Os produtos Assessments e Skills atendem às duas demandas e, assim, as empresas podem compor equipes mais qualificadas para adotar esta abordagem.

Para isso, a empresa pode fazer seu cadastro na plataforma, escolher o plano que melhor atende às suas necessidades e customizar os testes. A plataforma oferece uma trilha de aprendizado para o candidato e, ainda, indicadores de comparação de desempenho para o recrutador ou analista. 

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Conclusão 

O shape up pode ser um divisor de águas na equipe de produto, aumentando a produtividade, otimizando o tempo, priorizando o que realmente importa e conferindo mais eficiência ao software. 

Para você que é gestor de time técnico, vale a pena se aprofundar na abordagem e, se fizer sentido, implementar na sua equipe. Mas, lembre-se, para isso é fundamental ter uma equipe autônoma, proativa, qualificada e treinada neste método. A Coodesh pode te ajudar! Entre no site agora e solicite uma demonstração.

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