Gaps de competências: essa expressão dá um frio na barriga de muitos funcionários da área tech e de equipes de RHs de empresas e startups. Mas o que fazer quando isso acontece e começa a comprometer os resultados do time? É preciso identificar as lacunas por meio de testes técnicos e começar a adotar estratégias de melhorias.
Mas antes de tudo é importante lembrar que os gaps das skills da equipe técnica é o principal temor dos tech recruiters quando estão selecionando pessoas para a empresa. Em 2019, por exemplo, 83% dos entrevistados de uma pesquisa da SHRM (Society for Human Resource Management – uma associação profissional de membros de recursos humanos com sede na Virgínia, Estados Unidos) relataram que tiveram problemas para recrutar candidatos adequados nos 12 meses anteriores, com 75% dos que relataram dificuldades de recrutamento dizendo acreditar que havia falta de habilidades entre seus candidatos.
No período do recrutamento, ainda é possível encontrar talentos compatíveis com as skills exigidas. Mas se a contratação já foi feita, e o colaborador não apresenta todas as habilidades que o setor necessita, o único jeito é dispensar o funcionário e recomeçar o recrutamento ou treinar este mesmo colaborador para ele entregar os resultados desejados.
Muitas empresas adotam a segunda opção, pois o recrutamento pode ser desgastante e até mais oneroso que o treinamento ou alinhamento com o talento que já faz parte do time.
Veja, então, neste artigo como identificar os gaps de competências a partir de testes práticos e traçar um plano de melhoria individual e coletiva da equipe de tecnologia da empresa.
O que são gaps de competências?
Gaps de competências são a falta de atributos que as empresas necessitam, mas os colaboradores não têm. Pode ser uma skill técnica ou comportamental. A identificação dos gaps (lacunas ou brechas, em inglês) é feita pelo setor de gestão de pessoas ou pelos líderes diretos.
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Só para deixar claro, habilidades e competências têm uma leve diferença. A habilidade é algo prático, que pode ser comprovada com um simples certificado, enquanto que a competência é mais subjetiva e intangível. Um funcionário da equipe de desenvolvimento pode ter um certificado de JavaScript (habilidade) e saber aplicar o seu conhecimento numa tarefa de emergência (competência).
Como reconhecer gaps de competências?
Mas qual é a melhor forma de reconhecer os gaps de competências? A resposta é simples: com testes técnicos. Se vou contratar um cozinheiro, preciso saber se ele sabe cozinhar. Se vou contratar um desenvolvedor, preciso saber se ele sabe codar. Mas quando este talento já está efetivado, é preciso reavaliá-lo de tempos em tempos.
Aplicar provas teóricas sobre as tecnologias que ele utiliza, realizar testes de código ou uma investigação comportamental com uma ferramenta de autoconhecimento, são os principais passos a serem seguidos pela empresa.
Além disso, a empresa pode ter contratado um desenvolvedor há cinco anos, contudo, ele não se atualizou, e a demanda por novos conhecimentos aumentou. Isso é mais comum do que se imagina, pois as habilidades têm “data de validade”.
Validade das skills
Um estudo dos pesquisadores John Seely Brown (especialista em estudos organizacionais) e Peter Denning (cientista da computação) mostrou que uma habilidade aprendida hoje perderá 50% da sua importância daqui a cinco anos e, em até 10 anos, ela estará praticamente obsoleta.
Fatos relativamente recentes, como a pandemia da Covid e o crescimento da IA (Inteligência Artificial), farão esses prazos diminuírem ainda mais. Isso afeta a percepção de gaps de competências das empresas. A inovação nas empresas exige novas habilidades, mas nem sempre os funcionários acompanham esse ritmo, seja por questões pessoais, por ausência de estímulo ou até mesmo falta de reconhecimento da empresa.
Você deve estar se perguntando: e qual é o resultado disso tudo? Certamente é a incapacidade de a empresa se tornar mais competitiva ou de entregar produtos ou serviços de qualidade aos seus clientes.
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E isso é uma realidade. Um relatório da McKinsey, por exemplo, apontou que 87% dos executivos diziam estar enfrentando problemas com gaps de competências. Porém, menos da metade dos entrevistados na pesquisa relataram saber como resolver este problema. Portanto, voltamos ao início deste tópico: a melhor forma de verificar os gaps de competências é por meio de testes práticos estruturados.
Análise das competências
E o que os testes devem avaliar? Uma boa análise das lacunas deve abranger:
- Características de cada talento contratado;
- Nível da equipe;
- Nível do departamento em si;
- O que a organização exige;
- O que o mercado deseja.
Em resumo, o RH deve ter uma visão holística para saber onde corrigir as faltas para começar a ter mudanças significativas na empresa. Sendo assim, ao verificar os gaps de competências do time, o líder ou o RH estarão contribuindo com a melhoria de toda a empresa e dos seus resultados.
Além disso, é fundamental ter consciência de que o mapeamento das habilidades se trata de um processo contínuo. Não adianta apenas tratar a lacuna da skill uma única vez e esquecê-la para todo sempre. É preciso atualizar os gráficos de tempos em tempos, identificando maneiras de fazer as hard e soft skills subir novos degraus.
Exemplos de competências
Se você não sabe, ao certo, como começar a verificar os gaps de competências, trouxemos aqui alguns exemplos de lacunas que podem ser percebidas em momentos de:
- Entrega de resultados;
- Proatividade;
- Resiliência para lidar com conflitos;
- Senso de urgência.
Com um olhar mais apurado sobre as habilidades dos profissionais tech da sua equipe de desenvolvimento, ficará mais fácil começar a traçar estratégias de upskilling e, assim, fazer o seu time alcançar um novo patamar.
Aliás, isso é bom para a empresa e para o funcionário que também terá a oportunidade de comparar seu conhecimento acumulado com o que o mercado está exigindo.
Conclusão
A solução para os gaps de competências técnicas e comportamentais na sua equipe, principalmente de profissionais tech, pode ser crucial para os resultados da sua empresa. Afinal de contas, com uma atuação essencialmente técnica, é muito provável que os conhecimentos tenham que ser renovados, tamanha é a atualização da tecnologia utilizada hoje em dia.
Cada vez mais, uma tecnologia mais avançada é usada para substituir a outra. Corre-se o risco do seu profissional estar “parado no tempo” ou da sua empresa estar utilizando um sistema legado que não estimula nem inspira nenhum profissional tech.
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