Para encerrar o mês da Consciência Negra, o Coodesh Talk trouxe o sociólogo Marcos Brey para conversar com o time da Coodesh sobre os desafios da população preta no Brasil. Temas como autoestima, colorismo, felicidade da população preta e amor ao próximo estiveram em pauta. Confira um pouco da conversa que rolou remotamente na tarde de 30 de novembro.
Mas antes de entrar no conteúdo do talk, vamos falar um pouco sobre o nosso convidado. Marcos Brey é sociólogo, artista, gestor cultural (Instituto Cultural Semifusa) e professor da rede pública de ensino de Minas Gerais. Homem preto e periférico, ele já enfrentou o preconceito em várias situações, teve acesso à política de ações afirmativas e ingressou no ensino superior na PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Hoje, Brey apresenta temas como consciência negra e a posição da pessoa preta na sociedade durante suas palestras e nas aulas com turmas de adolescentes.
Inconsciente coletivo
Marcos Brey abriu a conversa falando sobre como aceitamos certas verdades impostas desde crianças, porque nosso cérebro é capaz de aprender, replicar e perpetuar comportamentos.
Nesse sentido, percepções racistas são fixadas em nossa mente, assim como aprendemos que meninas usam rosa e meninos usam azul.
“Por essas minúcias, vamos recebendo essas pílulas de como a sociedade racista funciona”, lembrou. É o inconsciente coletivo, perpetuando atitudes racistas que nada contribuem para a abertura e o acolhimento de novos pensamentos.
Felicidade
Outro ponto que está ligado ao inconsciente coletivo é a construção da felicidade. “Todo mundo quer ser feliz, portanto, quanto menos dor e sofrimento você tem, mais feliz você é”, afirma Brey.
Mas o que é ter menos dor e sofrimento para a população preta? Como é não ter medo de ser morto, de ser agredido e de sofrer um constrangimento em público pela cor da pele? Conforme Brey, esses fatores são causas de sofrimento para a pessoa preta e que geram afastamento da felicidade devido à sensação de medo constante da violência e de humilhações públicas.
Isso se reflete na baixa autoestima. “Muitos têm vergonha de ser associado à cultura negra”, lembra Brey, comentando sobre a onda do alisamento do cabelo crespo, que já foi mais forte no passado.
Amar o próximo
O convidado do Coodesh Talk sobre os desafios da população preta no Brasil relacionou a autoestima ao amor ao próximo. “Pegando uma fala de Jesus, que é amar ao próximo como a ti mesmo, vemos que cabem várias interpretações. É um grande desafio amar um estranho. O X da questão é: para amar o próximo você precisa se amar primeiro”, aponta.
Essa é uma das razões de algumas pessoas pretas não se identificarem com o movimento negro ou ainda não aceitar as próprias características físicas.
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Isso se repete em outras esferas, como o machismo e a homofobia. Assim, uma pessoa pode achar que tem mais valor que a outra. “O maior desafio é romper com esse imaginário e ser feliz”, comenta.
Para finalizar, Brey acrescentou que apenas uma tomada de consciência coletiva pode mudar a situação. “Só conseguiremos com uma ruptura social”, disse, lembrando que há muitos preconceitos a serem superados, como a sexualização da pessoa preta, a ausência de intelectuais pretos estudados nas universidades, sem contar na desigualdade de salários e na exclusão das mulheres pretas de vários setores.
Ele também sugeriu alguns pesquisadores para estudar, como Milton Santos, e veículos de mídia alternativa para seguir, como a Mídia Ninja.
Conclusão
O Coodesh Talk sobre os Desafios da População Preta no Brasil é uma ação interna promovida pelo setor de eventos e employer branding da Coodesh para promover o debate dentro da equipe. A cada mês, um tema sobre diversidade e inclusão é colocado em pauta. Gostou desse tema? O que pensa sobre ele?
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