Etarismo no mercado de trabalho: como combater?

etarismo no mercado de trabalho

O etarismo no mercado de trabalho gera equipes menos diversas, principalmente na indústria da tecnologia. Ele é tão excludente quanto o machismo ou o racismo, mas ainda é pouco falado no Brasil. Então, se é um assunto que ainda passa batido no meio corporativo, como combatê-lo com eficiência? 

O primeiro passo é reconhecer a sua existência. Além disso, criar mecanismos de inclusão na fase do recrutamento e seleção. Mas é preciso ir além. O tema deve estar presente na pauta dos comitês de diversidade e inclusão das empresas. 

Campanhas de conscientização também ocupam seu papel. Afinal de contas, é preciso eliminar termos etaristas do dia a dia, como “ele não tem idade pra isso”, muito menos associar a idade avançada à falta de habilidade. 

Veja neste conteúdo dicas e reflexões sobre o etarismo no mercado de trabalho. 

O que é etarismo? 

Primeiramente, vamos situar o termo etarismo. Você também o verá como ageísmo, idadismo e velhofobia. Eles estão em sintonia com a palavra “ageism” que foi usada pela primeira vez nos anos 60 nos Estados Unidos pelo gerontologista Robert Butler. 

Etarismo é o preconceito e a discriminação por idade dentro de um contexto histórico voltado às pessoas maduras. Portanto, não se costuma usar o termo para justificar preconceito contra profissionais jovens demais, como pode eventualmente ocorrer com profissionais Júnior.

Mas qual é o cenário histórico do ageísmo? Antes da Revolução Industrial, as pessoas de idade avançada trabalhavam em condições precárias nas fábricas, sem acesso à saúde e à segurança. 

Todavia, após a Revolução Industrial, a sociedade passou a ver as pessoas idosas como impróprias para o sistema produtivo devido ao início das leis de proteção aos trabalhadores no século 19. 

Mas a medicina evoluiu, as práticas de uma vida saudável aumentaram, o tabagismo diminuiu e, como resultado, aumentou-se a expectativa de vida da população. Para se ter uma ideia, no Brasil, a expectativa de vida nos anos 60 era de 48 anos. Hoje (2023), a taxa é de 80,1 anos (para mulheres) e 73,1 anos (para homens), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). 

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Além disso, após a Reforma Previdenciária de 2019, aposenta-se por idade com 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres) no Brasil. Então, como manter-se num mercado de trabalho preconceituoso até chegar à aposentadoria? 

Sinais do etarismo no mercado de trabalho 

O preconceito de idade está presente em várias áreas, mas nosso foco é no mercado de trabalho. Ele pode ocorrer em dois momentos: no recrutamento e na retenção do talento. Veja mais a seguir. 

Recrutamento

  • Vagas de emprego que estipulam a faixa etária dos candidatos, como pessoas de 25 a 35 anos; 
  • Entrevistas de emprego que focam na idade da pessoa candidata; 
  • Oportunidades que não oferecem horário flexível, visto que a pessoa 50+ é chefe de família e pode ter que se ausentar eventualmente durante o horário comercial; 
  • Vagas que pedem o envio de foto da pessoa candidata; 
  • Processos seletivos sem a adoção de vagas afirmativas para o público 50+. 

Alguns posts no LinkedIn costumam evidenciar a velhofobia quando ela surge nos processos de recrutamento. Você deve se lembrar do episódio registrado em setembro de 2022, quando uma recrutadora de Florianópolis-SC respondeu em um e-mail a um candidato: “Cancelaaaaaaaa, passou da idade [sic]”.

Retenção 

  • Oportunidades de aprendizado oferecidas aos trabalhadores mais jovens;
  • Ficar de fora dos projetos mais desafiadores;
  • Oferecer tarefas mais tediosas a profissionais idosos;
  • Ser preterido nas promoções; 
  • Uso de vocabulário etarista;
  • Brincadeiras de cunho pejorativo sobre aposentadoria e falta de disposição física;
  • Ser excluído das reuniões com clientes;
  • Desligamento de profissionais com mais de 40 anos de idade. 

Um estudo da empresa de consultoria Hype50 mostrou que 39% dos profissionais com mais de 55 anos se sentiam excluídos do mercado de trabalho. 

Apoio das políticas públicas 

Como foi dito no início deste conteúdo, o assunto ainda é pouco debatido no Brasil, em termos de políticas públicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, o Congresso promulgou o Age Discrimination in Employment Act ainda no ano de 1967 para proteger os trabalhadores com mais de 40 anos. 

SAIBA MAIS 

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O interessante é que a projeção mundial é que a população idosa continue em crescimento. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), estima-se que até 2030 haja mais de 1,4 bilhão de pessoas no mundo com mais de 60 anos. 

O Brasil tem o Estatuto da Pessoa Idosa, mas não possui regras no que diz respeito ao etarismo no mercado de trabalho. Até mesmo o símbolo de idoso é visto como pejorativo. Afinal, quem nunca viu aquela plaquinha de idoso com o ícone de uma pessoa frágil e de bengala para identificar quem tem mais de 60 anos? Há um projeto de lei na Câmara dos Deputados para mudar a imagem. A nova placa traz o ícone de uma pessoa com o símbolo 60+. Entretanto, ela ainda não foi aprovada. 

Faixa etária dos desenvolvedores 

Se você é tech recruiter, deve estar habituado a entrevistar vários desenvolvedores durante a semana. Mas você já parou para pensar na idade média deles? 

Uma parte da pesquisa anual da Stack Overflow sobre o perfil do desenvolvedor no mundo, de maio de 2022, mostra a seguinte distribuição: 

  • Menores de 18 anos: 5,45%;
  • 18 a 24 anos: 23,46%;
  • 25 a 34 anos: 39,62%;
  • 35 a 44 anos: 19,72%;
  • 45 a 54 anos: 7,44%;
  • 55 a 64 anos: 2,79%;
  • 65 anos ou mais: 0,78%;
  • Não informou: 0,73%.

Portanto, a parcela de 50+ é bastante pequena. Será que quando as empresas começarem a colocar o etarismo em pauta os índices serão mais equilibrados? 

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Conclusão 

E então, a pergunta inicial deste artigo era sobre o etarismo no mercado de trabalho e como combatê-lo. Após essa leitura, você considera que seja possível ter equipes mais diversas em relação à faixa etária? 

Possivelmente, a inclusão se tornará uma realidade ao incluir a prevenção do etarismo na cultura organizacional da empresa, porém é preciso que os gestores reconheçam que esse preconceito existe. 


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