Entre os desafios da gestão de pessoas está a inclusão de diferentes gerações no mercado de trabalho. Em muitas empresas, as equipes contêm as quatro gerações formadas por pessoas com idades que variam de 20 a 60 anos ou mais. Então, como aproveitar as diferentes habilidades e superar os desafios relacionados à diversidade geracional nas empresas?
Neste conteúdo, vamos falar sobre o perfil das quatro gerações, as suas principais características e modos como encaram as marcas e o mundo do trabalho. Além disso, vamos discorrer sobre como as empresas podem fazer a melhor gestão dessa diversidade e incluir as pessoas.
E por que isso é tão importante? Porque os gestores precisam conhecer o contexto das diferentes gerações no mercado de trabalho para saber como conduzir as políticas de atração e retenção, de treinamentos de novas habilidades e de adoção de ações de diversidade e inclusão.
Quem são as gerações no mercado de trabalho
Antes de entender as gerações no mercado de trabalho é bom darmos um passo para trás para compreender como está a pirâmide demográfica no mundo.
Até bem pouco tempo atrás, a demografia era retratada por uma verdadeira pirâmide. Na base estavam as crianças, no meio os jovens e adultos, e no topo os idosos.
Porém, as pessoas estão tendo cada vez menos filhos. As famílias que antes eram formadas por cinco, seis filhos, agora têm apenas um ou dois. Além disso, os indivíduos estão vivendo mais. É muito comum termos idosos chegando aos 90 ou 100 anos em razão da evolução da medicina e dos hábitos mais saudáveis. O número de fumantes, por exemplo, está em queda década após década.
Diante disso, podemos dizer que a convivência entre diferentes gerações será contínua nas empresas. Como as pessoas maduras ficam mais tempo no mercado de trabalho, devido à mudança na pirâmide demográfica, é muito possível que as diferentes gerações convivam por vários anos nas empresas.
Mas, então, como entender as distintas gerações no mercado de trabalho? Veja a seguir a explicação de cada uma.
Baby Boomers (1946-1965)
Os baby boomers são os filhos do pós-guerra. A 2ª Guerra Mundial acabou em 1945. As pessoas nascidas de meados de 1946 a 1965 são desta geração.
O clima de otimismo, no pós-guerra, causou uma verdadeira “explosão de bebês”, com as famílias crescendo cada vez mais. Mas essas pessoas tinham o sentimento de escassez muito forte, afinal, estavam saindo de uma guerra, com todos os seus reflexos negativos na economia.
Sendo assim, os baby boomers são mais econômicos, buscam a estabilidade, são menos flexíveis e são muito apegados às marcas. Eles escolhem marcas/empresas/negócios preferidos e não abrem mão deles.
É nesse sentido que se formam trabalhadores mais apegados aos empregos, principalmente em empresas tradicionais. O sonho de um baby boomer era entrar como estagiário numa empresa e só sair de lá após a aposentadoria.
Na geração de baby boomers, a mudança de emprego não é bem vista. Por isso, eles são muito fiéis às empresas, inflexíveis e menos propensos a usar a tecnologia, visto que nesta época a internet ainda dava os primeiros passos.
Geração X (1966-1977)
Os nascidos entre 1966 e 1977 formam a geração X. Eles viveram no Brasil da ditadura militar, da hiperinflação e da instabilidade econômica.
O traço mais comum dessa geração é a busca por autonomia, independência financeira e muito trabalho. É a chamada “geração raiz” que enfrentou muitas restrições e sempre batalhou.
Por isso, é a geração que mais resiste às condições adversas das empresas, como uma cultura tóxica. Eles também são pouco flexíveis e têm pouca familiaridade com a tecnologia.
Geração Y (1978-1995)
Os representantes da geração Y também são chamados de millennials. Eles nasceram entre meados de 1978 e 1995.
Muitos deles viveram sua infância nos anos 90 curtindo “Mamonas Assassinas” e programas de auditório.
Essa geração começa a ter os primeiros contatos com a internet e os demais meios tecnológicos. Também é a geração do videogame, do imediatismo e do resultado do desempenho fase por fase, como se o mercado de trabalho fosse um jogo do Mario Bros.
Desse modo, ela se tornou a geração que mais busca feedback no mercado de trabalho. Ela termina uma tarefa ou um projeto e já quer saber o resultado gerado. Isso ocorre muito em razão do imediatismo da sua geração.
Os millennials formam a geração da selfie, do blog pessoal e da economia compartilhada (fãs de Netflix, Uber e Airbnb). Para eles, os recursos devem ser compartilhados.
Geração Z (1995-2010)
A geração Z, a chamada geração “Nutella”, é formada pelos nascidos entre 1995 e 2010. Eles são nativos digitais, que respiram tecnologia.
Essa geração cresceu acostumada com o excesso de informação, o que gera uma certa ansiedade e sensação de falta. Ao abrirem um catálogo de uma plataforma de streaming, por exemplo, com milhares de filmes e séries, elas sentem que não têm nada para assistir. Afinal, esse é o efeito contrário da cultura do excesso.
A geração Z é a mais preocupada com causas nobres. Quase todos os seus representantes têm uma bandeira, seja da defesa animal, da preservação do planeta ou da comunidade LGBTQUIAPN+.
Ela é a geração mais desafiadora para as empresas no quesito retenção. Isso porque é a geração que mais troca de emprego e que está mais ligada à cultura da empresa. Portanto, se a experiência não é positiva na corporação ou se os valores pessoais são diferentes dos da empresa, o funcionário da geração Z não hesita em pedir demissão.
Mas essa também é a geração mais flexível, que caminha por diferentes rotas a qualquer instante, adaptando-se facilmente às mudanças da empresa.
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Geração Alpha (a partir de 2010)
A geração nascida a partir de 2010 é chamada de geração Alpha. Ela ainda está chegando ao mercado de trabalho por meio dos jovens aprendizes e estagiários. Ela forma uma legião de adolescentes que também respiram tecnologia e ainda vêm sendo fruto de estudos comportamentais.
Agora que você viu um breve perfil de todas as gerações, descubra como elas interagem, se comunicam e têm aspirações nas empresas.
Ressaltando apenas que as datas de referência de cada geração mudam ligeiramente entre os estudos. Além disso, as divisões não são estanques. Por exemplo, uma pessoa que nasceu nos anos 80 pode ter o mesmo perfil de uma pessoa que nasceu em 2010 dependendo de outros fatores que não são apenas sociais. Mas, de modo geral, segue-se uma mesma padronização.
Como as gerações interagem no mercado de trabalho
As quatro gerações convivem, trocam experiências e produzem resultados ao mesmo tempo nas mesmas empresas.
Mas é claro que existem exceções. Algumas corporações formam equipes mais jovens, outras com pessoas mais maduras. No entanto, o ideal é alcançar a diversidade geracional, pois cada geração pode contribuir, à sua maneira, para os resultados da empresa.
Apesar desse lado positivo, a diversidade de gerações pode causar problemas na comunicação e na convivência. Isso porque uma geração pode entrar em choque com outra, discordando da maneira de pensar, sentir e agir.
Por isso, é fundamental que as empresas trabalhem com ações preventivas e conscientização para evitar o choque de gerações. O RH pode agir proativamente em favor da diversidade geracional.
Uma das missões é conscientizar sobre o etarismo, que é o preconceito contra as pessoas maduras. Por isso, é essencial ficar atento aos ruídos de comunicação. Uma simples brincadeira sobre a idade de um funcionário, por exemplo, pode ser interpretada como etarismo.
No quadro a seguir, veja as habilidades mais e menos intensas usadas em cada geração.
Habilidades | Baby Boomers | Geração X | Geração Y | Geração Z |
Flexibilidade | Baixa | Baixa | Média | Alta |
Hierarquização | Alta | Alta | Média | Baixa |
Resiliência | Alta | Alta | Baixa | Baixa |
Busca por estabilidade | Alta | Média | Baixa | Baixa |
Defesa de diversas bandeiras | Baixa | Baixa | Baixa | Alta |
Busca por inovação | Baixa | Média | Alta | Alta |
Arriscar-se mais | Baixa | Média | Alta | Alta |
Desafios e oportunidades para as empresas
Com colaboradores de diferentes gerações, as empresas enfrentam, todos os dias, desafios. Como alinhar as equipes e criar políticas que atendam às necessidades de todos?
O primeiro passo é compreender o contexto de cada geração para saber como agir. A seguir, acompanhe os principais desafios e oportunidades para as empresas quanto à diversidade geracional.
Desafios
- Criar um ambiente inclusivo e colaborativo;
- Melhorar a comunicação entre as gerações;
- Evitar o etarismo;
- Atender as diferentes expectativas de cada geração;
- Ampliar os programas de educação contínua (para absorver e reter os profissionais mais maduros);
- Criar planos de carreira que atendam a todas as expectativas.
Oportunidades
- Usar a experiência dos baby boomers;
- Aproveitar o desejo de inovação da geração Z;
- Compartilhar experiências entre as gerações;
- Modelar o lado positivo de cada geração na outra;
- Incentivar a defesa de causas nobres nas demais gerações, além da Z;
- Estimular programas de mentoria entre as gerações.
Como você viu, o tema diversidade geracional deve estar presente na pauta da empresa, em diferentes setores e projetos.
Como criar um ambiente de trabalho inclusivo
Para promover a inclusão e diversidade entre as gerações no mercado de trabalho, cada empresa tem a sua responsabilidade.
Pode-se começar pelo processo seletivo, com vagas afirmativas para pessoas 50+. Existem plataformas voltadas a vagas para esse público, como o Maturi Jobs.
Além disso, fazer um processo seletivo baseado em habilidades evita vieses e preferências dos recrutadores ao analisarem os currículos. Isso porque esse modelo de recrutamento avalia as habilidades dos candidatos e não fica preso apenas às certificações.
Outra forma de criar um ambiente inclusivo para as diferentes gerações no mercado de trabalho é a promoção da educação contínua, dentro do conceito de lifelong learning. Como as pessoas mais maduras estão ficando mais tempo no mercado, é importante que elas continuem se aprimorando.
Conclusão
As diferentes gerações no mercado de trabalho nos fazem lembrar que não podemos rotular as pessoas e que devemos fugir dos preconceitos. A “briga” entre as gerações Raiz e a geração Nutella não faz sentido no mundo corporativo, que está continuamente em busca de inclusão e diversidade, com resultados.
Nesse sentido, é importante que as empresas se abram para todas as gerações e se preocupem em proporcionar experiências positivas em suas culturas e programas.
E por falar em diversidade, aproveite para ler o e-book de vagas afirmativas e não deixe de conhecer as soluções da Coodesh para o recrutamento por habilidades.