O que é microgerenciamento e quais os riscos para a retenção de talentos?

microgerenciamento

O microgerenciamento é uma preocupação das equipes de gestão de pessoas. Isso porque a prática pode ser usada por líderes ou estar inserida na cultura organizacional de uma maneira muito presente. Porém, os efeitos são negativos. Para reter talentos, é importante saber delegar e confiar na equipe para ela caminhar sozinha no dia a dia na empresa. 

Existem inúmeras ações praticadas nas empresas visando a retenção de talentos. Elas exigem tempo, energia da equipe e recursos financeiros. Contudo, quando há falhas na liderança ou na cultura da empresa, todo o esforço citado pode cair por terra. 

Em equipes de tecnologia, como times de desenvolvedores, a retenção de talentos é essencial para garantir bons resultados na empresa, inclusive no faturamento. Isso porque a alta taxa de turnover nesta área prejudica o andamento dos projetos, o que acaba repercutindo negativamente na percepção dos clientes. 

Pensando nisso, este artigo vai abordar o que é microgerenciamento, seus efeitos negativos, como identificar e quais são as alternativas para os gestores. Acompanhe a leitura até o final! 

Definição de microgerenciamento

Microgerenciamento ou Micromanagement (no termo usado em inglês) é um padrão de comportamento de líderes que acompanham todos os detalhes dos trabalhos dos seus liderados. Há uma supervisão constante e um controle excessivo. A delegação é limitada, e os funcionários têm pouca autonomia. 

A ideia está muito ligada à percepção de cultura tóxica das empresas. Os funcionários sentem-se temerosos e inseguros. Além disso, as entregas tendem a demorar mais que o normal porque quase tudo precisa passar pelo crivo da liderança. 

Mas não é apenas o colaborador que sente os reflexos negativos dessa prática. O líder também. Ele sente-se sobrecarregado e isso pode comprometer a sua saúde mental e a sua produtividade. 

Uma pesquisa sobre microgerenciamento realizada pela Trinity Solutions mostrou que:

  • 36% dos empregados realmente mudaram de emprego; 
  • 69% disseram que já consideraram mudar de emprego por causa do microgerenciamento;  
  • 71% disseram que ser microgerenciados interferia no desempenho no trabalho; 
  • 79% dos entrevistados já experimentaram microgerenciamento; 
  • 85% disseram que seu moral foi impactado negativamente. 

Veja a seguir, mais a fundo, como o micromanagement reflete no clima organizacional e nos resultados da sua empresa. 

Reflexos do microgerenciamento

De modo geral, essa prática pode interferir em vários aspectos da empresa, afetando tanto as pessoas quanto os processos e resultados. Confira! 

Desmotivação dos funcionários

Eles se sentem incapazes de tomar decisões e contribuir de maneira significativa. A constante supervisão e a falta de autonomia minam a autoestima e a satisfação no trabalho, resultando em uma equipe desengajada e desinteressada.

Estresse e esgotamento

Cria-se um ambiente de trabalho estressante, onde os funcionários vivenciam uma pressão constante devido à supervisão detalhada e ao medo de cometer erros. Esse estresse crônico pode levar ao esgotamento, prejudicando a saúde mental e física dos colaboradores e aumentando os riscos de burnout.

Dificuldades na promoção do desenvolvimento profissional

O microgerenciamento muitas vezes limita as oportunidades de crescimento e aprendizado dos funcionários, já que a ênfase está na execução estrita de tarefas em vez de no desenvolvimento de habilidades. Isso pode resultar na estagnação profissional, falta de inovação e na perda de oportunidades de progresso na carreira, minando a motivação e a satisfação dos colaboradores.

Taxas de rotatividade elevadas

A prática está frequentemente associada a altas taxas de rotatividade de funcionários, uma vez que os colaboradores podem se sentir frustrados e sobrecarregados devido à supervisão constante e à falta de autonomia. Isso leva à saída de talentos valiosos da organização, resultando em custos significativos de recrutamento e treinamento de novos funcionários, além de prejudicar a continuidade e a expertise da equipe.

Dificuldade em atrair novos talentos

A reputação de uma organização que pratica o microgerenciamento pode dificultar a atração de novos talentos. Profissionais qualificados podem evitar empresas conhecidas por esse estilo de liderança restritivo, pois desejam ambientes de trabalho onde possam exercer sua criatividade, assumir responsabilidades e crescer profissionalmente. Isso pode limitar o pool de candidatos talentosos e prejudicar a capacidade da empresa de recrutar novos membros

Prejuízos ao clima organizacional

O microgerenciamento tende a criar um clima organizacional tóxico e desfavorável. A constante supervisão e a falta de confiança demonstrada pelos líderes podem resultar em um ambiente de trabalho carregado de tensão, medo e desconfiança. Isso afeta negativamente a moral da equipe, a cooperação entre colegas e a colaboração, tornando o ambiente menos produtivo e agradável. Além disso, pode levar a conflitos interdepartamentais e à perda de um senso de pertencimento à empresa.

Falta de autonomia aos profissionais

A autonomia dos profissionais é prejudicada, limitando sua capacidade de tomar decisões independentes e exercer seu julgamento. Isso não apenas desvaloriza as habilidades e o conhecimento dos funcionários, mas também retarda o desenvolvimento de sua capacidade de liderança e tomada de decisão. A falta de autonomia pode levar a uma sensação de desempoderamento entre os colaboradores, reduzindo seu senso de responsabilidade e motivação no trabalho.

Burocratização de processos

Os líderes podem impor procedimentos detalhados e complexos para supervisionar de perto as atividades dos funcionários, resultando em uma carga administrativa onerosa. Isso não apenas desacelera a tomada de decisões, mas também cria uma cultura de excesso de regulamentação que dificulta a agilidade e a inovação. A burocracia excessiva pode ser prejudicial à eficiência e ao crescimento da organização.

Limitação da criatividade

A prática impõe diretrizes estritas e monitoramento constante, o que inibe a capacidade de pensar de forma inovadora. Funcionários podem se sentir desencorajados a propor novas ideias ou soluções criativas, temendo a crítica ou o controle excessivo de seus superiores. Isso resulta na perda de oportunidades de inovação e no enfraquecimento da capacidade da organização de se adaptar às mudanças e se destacar no mercado.

O microgerenciamento pode ser positivo? 

Pode-se dizer que o microgerenciamento não é positivo, mas sim necessário em algumas ocasiões. 

Quando a empresa contrata um estagiário, o líder precisa acompanhar mais de perto essa pessoa até mesmo para orientá-la. Além disso, através de uma supervisão mais sólida, a pessoa estagiária poderá se desenvolver mais rapidamente. 

Outro momento importante é o do onboarding do colaborador. O líder precisa se dedicar no acompanhamento das tarefas. Por mais que os fluxos estejam documentados, o profissional precisará de uma atenção especial. 

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Sinais de microgerenciamento

Como analista do RH ou líder tech, você desconfia que possa estar praticando microgerenciamento junto à sua equipe? Veja até que ponto você está apenas liderando ou cometendo um monitoramento excessivo que possa refletir na retenção de pessoas. 

Microgerentes restringem delegações: os líderes que usam essa prática quase sempre evitam delegar tarefas, com isso acabam ficando sobrecarregados. Quando delegam, ficam o tempo todo perguntando como estão os processos, quando vão terminar e quais os problemas que estão enfrentando. 

Pedem para serem copiados em todos os e-mails: comunicações importantes precisam ser validadas pelos líderes do setor. No entanto, tornar isso uma prática constante demonstra microgerenciamento das atividades.  

Pedem aprovação final em qualquer demanda: quando todas as demandas do dia precisam da aprovação final da liderança, mesmo que não haja uma justificativa plausível para isso. 

Participam de todas as reuniões: o líder microgerenciador quer estar presente em todas as reuniões. Com isso, sua agenda acaba ficando lotada. Pior ainda, os funcionários não podem agir enquanto a sua agenda não ficar livre. 

Orientam para que novas demandas passem pelo seu crivo: mesmo que sejam coisas simples e que vão facilitar o trabalho dos liderados, as novas demandas precisam passar pelo crivo do microgerente, o que acaba prejudicando o andamento das atividades. 

Realizam tarefas operacionais: é comum ver líderes microgerenciadores realizando tarefas operacionais, mesmo havendo colaboradores para isso. 

Motivos do microgerenciamento 

E por que as empresas têm gestores microgerenciadores? Veja algumas suposições que podem estar levando seu time a ser liderado por microgerentes: 

Cultura organizacional: pode estar ligado a um comportamento incentivado pela alta gestão da empresa; 

Influências pessoais do líder: ele pode agir dessa maneira por ter uma personalidade mais autocrática e centralizadora, inclusive na sua vida pessoal; 

Inexperiência do líder: muitos trabalhadores operacionais que se destacam são elevados a líder mesmo sem ter passado por um treinamento e coaching; 

Insegurança do líder: a liderança pode ser insegura e, por falta de foco e clareza, pode acabar microgerenciando as atividades dos liderados; 

Falta de profissionais qualificados: se o recrutamento foi falho, o time pode ser formado por profissionais muito medianos e, assim, gerar a insegurança no líder. 

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Alternativas ao microgerenciamento

O que fazer se você identificou que é um líder microgerenciador ou se a sua empresa tem heads com essas práticas? Veja as nossas dicas. 

  • Conscientize-se de que a relação entre líder e liderado deve ser baseada na confiança; 
  • Desenvolva equipes autônomas; 
  • Realize pesquisa de clima organizacional para identificar a percepção dos trabalhadores; 
  • Alinhe o recrutamento à cultura da empresa;
  • Torne os feedbacks mais frequentes, ouvindo o funcionário; 
  • Faça reuniões de one-on-one com um cronograma pré-definido. 

Conclusão

Enfim, o microgerenciamento pode comprometer as suas estratégias de retenção de talentos. Sozinho, ele não é responsável pela rotatividade de profissionais, mas certamente irá interferir na percepção do time, fazendo cada integrante pensar se vale a pena continuar trabalhando na empresa. 

E agora que você concluiu a leitura deste artigo e está precisando avaliar as skills das suas lideranças técnicas e demais profissionais, que tal conhecer o plano Coodesh Skills? A plataforma realiza o mapeamento de skills com funcionalidades que permitem o acompanhamento da evolução dos times. Conheça melhor aqui.

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