Modelo Dreyfus: um guia global para o desenvolvimento de habilidades

O modelo foi proposto em 1980, é baseado em cinco estágios e continua sendo aplicado pelo RH no desenvolvimento de talentos

Dreyfus

O modelo Dreyfus pode ser a resposta para os desafios enfrentados no desenvolvimento de talentos nas empresas. Desenvolvido há 45 anos e baseado em cinco pilares, o conceito é um velho conhecido dos gestores de pessoas. Se você ainda não conhece essa ferramenta, acompanhe este artigo até o final para saber como aplicar em seus colaboradores e alcançar melhores resultados. 

Quando uma empresa contrata um profissional de nível Júnior, em tese, ele não está pronto para exercer a sua função. Na maioria dos casos, ele precisa ser treinado para virar um especialista, ser promovido e orientar os novatos que chegarem à equipe. 

Muitos gestores buscam ferramentas que sejam eficientes. Nesse cenário, o modelo Dreyfus responde bem às expectativas, pois pode ser aplicado em qualquer área, seja numa indústria de cosméticos ou numa startup de tecnologia. Isso porque o importante é se concentrar nos estágios de aquisição de habilidades que baseiam todo o método em questão. 

Está curioso para saber como ele funciona? Acompanhe os próximos tópicos deste artigo. 

O que é modelo Dreyfus? 

O modelo Dreyfus é um método de aquisição de habilidade. Portanto, ele não está ligado ao desenvolvimento de uma profissão, mas sim foca na conquista de uma nova aptidão. Imagine, por exemplo, que uma pessoa precisa desenvolver o seu lado vendedor. O modelo é usado para gerar essa nova habilidade no colaborador. 

E como ele surgiu? Em 1980 por meio dos irmãos Stuart e Hubert Dreyfus. Eles fundamentaram o método em um relatório de 18 páginas a partir de um estudo realizado na Universidade da Califórnia, em Berkeley. 

Antes de detalharmos o método, é importante ter clareza do que é aquisição de habilidades. Na prática, ele significa a passagem de um nível inicial para um nível avançado. Nesse processo, a pessoa utiliza seus conhecimentos teóricos e práticos juntamente com a sua experiência. 

O estudo dos irmãos Dreyfus se basearam em 4 funções mentais que levam ao aprendizado de uma habilidade. São elas: 

  1. Recordação: refere-se à capacidade de lembrar regras e fatos aprendidos anteriormente para aplicá-los em situações novas;
  2. Reconhecimento: envolve identificar padrões e semelhanças com experiências anteriores para facilitar a tomada de decisões.
  3. Decisão: diz respeito à escolha da melhor ação a partir das informações disponíveis e do nível de habilidade do indivíduo;
  4. Consciência: representa o entendimento do próprio processo de aprendizado e a capacidade de avaliar o próprio desempenho.

Cada uma dessas 4 etapas varia conforme o nível de especialização da pessoa. Mas para aumentar o entendimento, vamos apresentar os estágios de aprendizado previstos nesta ferramenta. Confira! 

Quais são as 5 fases do modelo Dreyfus? 

As 5 fases ou estágios do modelo Dreyfus são diretrizes para orientar o planejamento dos programas de treinamento e desenvolvimento dos colaboradores de uma empresa. Cada estágio representa um nível de proficiência que o trabalhador apresenta. Veja o que é cada um e uma breve explicação. 

1 – Novato

O novato está entrando em contato com o tema pela primeira vez. Por essa razão, é importante que ele siga o método e as regras para avançar de nível. Por estarem no nível mais básico de aprendizado ele não tem poder de julgamento, ou seja, não pode querer alterar uma regra, já que ainda é iniciante naquele assunto. Isso vale para qualquer área. Não importa se o indivíduo é um doutor em outra área de ensino, mas sim que é iniciante na habilidade específica que está aprendendo. Um exemplo é um novo funcionário de suporte técnico que segue um script rígido para responder às dúvidas dos clientes.

2 – Iniciante avançado

Nesta etapa, o iniciante aumenta seu conhecimento do conceito, passa a reconhecer os termos usados dentro da nova habilidade e identifica os princípios mais relevantes ligados à nova aptidão que está vivenciando. No entanto, o colaborador que está neste estágio ainda não sabe definir prioridades e acredita que todos os aspectos têm a mesma importância. É como um Designer Gráfico Júnior, que já domina o software (Photoshop, Illustrator), mas ainda segue modelos prontos e precisa de referências constantes para criar layouts.

3 – Competente 

No terceiro estágio, o colaborador consegue reconhecer prioridades dentro da nova habilidade que está adquirindo. Ele também passa a identificar elementos da nova skill fora do seu contexto original. Dessa forma, o colaborador pode pensar em situações nas quais pode usar a nova habilidade colocando seu conhecimento anterior em ação. Por exemplo, um gerente de projetos em TI, que consegue estruturar um projeto, definir prazos e distribuir tarefas de forma eficaz, mas ainda pode ter dificuldades em lidar com mudanças inesperadas no projeto.

4 – Proficiente

A experiência aliada ao conhecimento técnico permite que o colaborador que está neste estágio aja com a força da sua intuição. Portanto, ele já ganha um poder maior de decisão e, assim, consegue implementar decisões baseadas em sua intuição sobre o problema que tem em mãos. Um exemplo que cabe aqui é do vendedor consultivo de software. Com experiência, ele não depende mais de um roteiro fixo e consegue adaptar sua abordagem de vendas conforme o cliente. Além disso, consegue identificar dores do cliente e oferecer soluções personalizadas, muitas vezes antecipando objeções antes que sejam mencionadas.

5 – Especialista 

Aqui, no último estágio do modelo Dreyfus, os colaboradores treinados já são considerados especialistas. Eles usam pensamentos mais refinados e unem todos os seus conhecimentos à experiência e à intuição. Quase sempre, os peritos na habilidade adquirida alcançam bons resultados. A chance de cometer erros já é bastante reduzida nesta fase porque o conhecimento atinge o seu nível mais alto. É o caso de um cirurgião especializado em Neurocirurgia. Ele tem um nível de experiência tão alto que, diante de uma cirurgia complicada, consegue tomar decisões rápidas sem precisar seguir um guia. Além disso, ele consegue ensinar e desenvolver técnicas novas na área, sendo uma referência para outros profissionais.

Como aplicar o modelo Dreyfus? 

Se você gostou do modelo Dreyfus após compreender cada etapa, agora é hora de refletir sobre como aplicar essa ferramenta com os seus funcionários que estão em desenvolvimento, adquirindo novas habilidades. O primeiro passo é identificar o perfil do funcionário. Compreenda em que estágio ele está e o que ele ainda precisa para se desenvolver. Você pode chegar a essas respostas por meio de entrevistas pessoais, dinâmicas e aplicações de questionários. 

Após identificar em que estágio ele se encontra, você pode oferecer ferramentas conforme o nível. Por exemplo: 

  • Novato: ofereça documentações, apostilas e manuais; 
  • Iniciante avançado: dê feedbacks constantes; 
  • Competente: permite mais autonomia nas decisões; 
  • Proficiente: estimule a análise crítica e dê mentorias para reduzir a chance de erros; 
  • Especialista: dê mais liberdade para ele sugerir mudanças e participar de decisões mais estratégicas. 

Além de tudo isso, crie um ciclo de desenvolvimento permitindo que o novo colaborador evolua e chegue ao topo, onde ele se torna um perito e pode treinar outras pessoas. 

SAIBA MAIS 

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Qual é o impacto do modelo Dreyfus na gestão de talentos? 

O modelo Dreyfus pode impactar positivamente na gestão de talentos, pois traz mais clareza nas etapas de desenvolvimento do funcionário, permitindo identificar o nível de conhecimento e as ações necessárias que visam a evolução. 

Portanto, ele é usado em programas de treinamento, no mapeamento de competências, nos indicadores de sucesso e nas políticas de retenção de colaboradores qualificados. 

Lembrando que a permanência em determinado estágio depende muito do nível de engajamento de cada talento, por essa razão, é importante entender os motivos pessoais que permitem que o funcionário esteja em determinada etapa do modelo Dreyfus. Ele pode, por exemplo, não se sentir confiante para expôr suas opiniões e tomar decisões sozinho, embora já seja um especialista. Nesse sentido, o gestor de pessoas precisa olhar com mais empatia para cada colaborador. 

Ferramentas e estratégias de implementação 

Como ajudar o colaborador a evoluir da fase 1 para a 5? Veja algumas dicas de ferramentas que podem ser usadas: 

  • Plataformas de e-learning;
  • Workshops;
  • Mentorias; 
  • Feedback e revisão periódica das ações dos colaboradores. 

É preciso, portanto, oferecer educação continuada ao time, mirando sempre na evolução de etapas. Embora essa iniciativa dependa muito do envolvimento de cada colaborador, a empresa precisa motivar o funcionário a adquirir novas habilidades. 

Conclusão

O modelo Dreyfus é eficaz no desenvolvimento de habilidades no contexto geral de todas as empresas, mas é preciso um olhar atento do departamento de gestão de pessoas para que os funcionários tenham consciência da necessidade de evolução. Só assim eles vão performar melhor e entregar bons resultados para o negócio. 

E um elemento indispensável nesse contexto é o mapeamento de habilidades, que vai investigar a fundo qual é o gap da equipe e o ponto de partida para mudar a situação. 

Por consequência, a empresa deve procurar uma plataforma de assessments que seja sua parceria nesta verificação. A Coodesh é uma ferramenta de avaliação online que dispõe de uma biblioteca de questões técnicas, com respostas, em diversas áreas, pronta para medir o nível de habilidade, desde o iniciante até o avançado. Quer ver, na prática, como a Coodesh funciona? Clique aqui e peça uma demonstração.

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